Planejamento Estratégico Situacional?  

CARLOS MATUS

 

Esse primeiro texto foi retirado da página http://www.espacoacademico.com.br

de autoria do professor JACKSON DE TONI 

(Economista, Técnico em Planejamento da Secretaria de Planejamento do  Rio Grande do Sul 

e professor universitário na ULBRA e UERGS )

“Um governo não pode ser melhor que a organização que comanda.”

C. Matus (em “Adeus, Senhor Presidente”)  

 

O Planejamento Estratégico e Situacional, sistematizado originalmente pelo Economista chileno Carlos Matus[1],  diz respeito à gestão de governo, à arte de governar. Quando nos perguntamos se estamos caminhando para onde queremos, se fazemos o necessário para atingir nossos objetivos, estamos começando a debater o problema do planejamento. A grande questão consiste em saber se somos arrastados pelo ritmo dos acontecimentos do dia-a-dia, como a força da correnteza de um rio, ou se sabemos onde chegar e concentramos nossas forças em uma direção definida. O planejamento, visto estrategicamente, não é outra coisa senão a ciência e a arte de construir maior governabilidade aos nossos destinos, enquanto pessoas, organizações ou países.

O processo de planejamento portanto diz respeito a um conjunto de princípios teóricos, procedimentos metodológicos e técnicas de grupo que podem ser aplicados a qualquer tipo de organização social que demanda um objetivo, que persegue uma mudança situacional futura. O planejamento não trata apenas das decisões sobre o futuro, mas questiona principalmente qual é o futuro de nossas decisões.

Se tentamos submeter o ritmo do desenvolvimento dos acontecimentos à vontade humana devemos imediatamente pensar que governar em situações complexas exige exercer a prática do planejamento estratégico até seu último grau. Para atingir este objetivo será necessário entender e ultrapassar muitos pré-conceitos em relação à atividade de planejamento no setor público.

Equívocos comuns sobre o conceito e a prática do planejamento:

I. “planejar é uma coisa, fazer é outra...”:  frase utilizada com freqüência para tentar minimizar ou ridicularizar o esforço de planejamento na organização de sistemas.  Esta visão surge normalmente em contextos institucionais que tem precário ou nenhum planejamento, opõe processos supostamente antagônicos mas que, na verdade, são parte de um único momento, é na ação concreta que o plano se decide e prova sua importância. Os métodos de planejamento tradicionais, ao ignorar a variável política, cortaram o caminha para o diálogo entre plano e gestão, relação absolutamente imprescindível para casar o “planejar” com o “fazer”.

II. “o planejamento engessa a organização...”: ao invés da decisão meramente  intuitiva e lotérica, da administração do dia-a-dia, estabelecem-se critérios, metas, objetivos, diretrizes de longo prazo, enfim, o planejamento é um exercício sistemático de antecipação do futuro e é intensivo em gestão. A crítica ao Planejamento como uma “camisa-de-força” normalmente surge das organizações que perdem a base clientelística ou corporativa quando sistemas de planejamento participativo são implantados. Uma organização que pensa e planeja estrategicamente cria condições para o surgimento da liderança baseada na democracia interna e na delegação de autoridade, o monolitismo político e o dirigente autoritário surgem, quase sempre, no ambiente de ausência de planejamento estratégico e participativo.

III. “O Planejamento é um rito formal, falado em código e desprovido de substância...”: este preconceito está muito associado com o próprio elitismo intelectual que o planejamento tradicional e seus defensores construíram ao longo de décadas venerando modelos abstratos e inúteis. Neste caso será sempre verdade o ditado que diz ser o improviso sempre preferível ao planejamento malfeito, isto é, burocrático, formalista. O ritualismo mata o “bom” planejamento e condena à mediocridade dirigentes e funcionários. No mercado das consultorias organizacionais é comum o surgimento de “novas” técnicas e modelos esotéricos de planejamento ou temas afins. As siglas se proliferam e poucas delas tem realmente conteúdo prático e a aplicabilidade necessária. Quando se caminha para níveis cada vez mais abstrato de raciocínio, variáveis cada vez mais agregadas e grandes sínteses políticas é fácil descolar-se da realidade concreta e esta armadilha tem apanhado muitos planejadores. Nesta situação é sempre recomendável associar a intuição e o bom-senso - a expertise que falta para muitos - com as técnicas e modelos racionais adotados em qualquer manual de planejamento.

IV. “o planejamento é obra de  pura técnica, deve ser neutro...”: é evidente que os planejadores devem ter conhecimento técnico mínimo sobre o que planejam. Tais conhecimentos podem ser apreendidos de forma padrão e uniforme, estão acumulados historicamente nos mais diversos setores do conhecimento humano. Entretanto, no setor público especialmente, seria um suicídio “planejado”, fazer planos sem incluir as variáveis de poder e da política na sua concepção e execução. Não existe planejamento neutro, pelo simples fato de que planejar é priorizar e resolver problemas e isto pressupõe uma determinada visão-de-mundo, concepção de Estado, de organização social e assim por diante. Planejar estrategicamente implica necessariamente em manipular variáveis políticas, em situações de poder compartilhado, onde os “outros” também planejam e formulam estratégias. O planejamento que se diz meramente técnico na verdade resulta em simples adivinhação e charlatanismo intelectual.

A superação da visão tradicional requer uma mudança de postura intelectual e governamental, compreender que não cabe ao planejamento predizer o futuro, mas buscar viabilidade para criar o futuro, como uma ferramenta que amplia o arco de possibilidades humanas, um instrumento de liberdade.

A “visão situacional” do PES

Os principais argumentos que sustentam o Planejamento Estratégico e Situacional[2] podem ser assim resumidos:

Mediação entre o Presente e o Futuro. Todas as decisões que tomamos hoje tem múltiplos efeitos sobre o futuro porque dependem não só da minha avaliação sobre fatos presentes, mas da evolução futura de processos que não controlamos, fatos que ainda não conhecemos. Portanto os critérios que utilizamos para decidir as ações na atualidade serão mais ou menos eficazes se antecipadamente pudermos analisar sua eficácia futura, para nós mesmos e para os outros. Qual o custo da postergação de problemas complexos ? Que tipo de efeitos futuros determinada política pública resultará ? Estes impactos futuros aumentarão ou diminuirão a eficácia do nosso projeto de governo ? Tais perguntas dizem respeito ao necessário exercício de simulação e previsão sobre o futuro, quando devemos adotar múltiplos critérios de avaliação e decisão.

É necessário prever possibilidades quando a predição é impossível: na produção de fatos sociais, que envolvem múltiplos atores criativos que também planejam,  a capacidade de previsão situacional e suas técnicas devem substituir a previsão determinística, normativa e tradicional que observa o futuro como mera conseqüência do passado. Decorre desta percepção a necessidade de elaborar estratégias e desenhar operações para cenários alternativos e surpresas, muitas vezes, não imagináveis.

Capacidade para lidar com surpresas: o futuro sempre será incerto e nebuloso, não existe a hipótese de governabilidade absoluta sobre sistemas sociais, mesmo  próximo desta condição há sempre um componente imponderável no planejamento. Devemos então, através de técnicas de governo apropriadas, preparar-nos para enfrentar surpresas com planos de contingência, com rapidez e eficácia, desenvolvendo habilidades institucionais capazes de diminuir a vulnerabilidade do plano.

Mediação entre o Passado e o Futuro: o processo de planejamento estratégico se alimenta da experiência prática e do aprendizado institucional relacionados aos erros cometidos. Portanto será preciso desenvolver meios de gestão capazes de aprender com os erros do passado e colocar este conhecimento a serviço do planejamento.

Mediação entre o Conhecimento e a Ação: o processo de planejamento pode ser comparado a um grande cálculo que não só deve preceder a ação, mas presidí-la. Este cálculo não é obvio ou simples, é influenciado e dependente das múltiplas explicações e perspectivas sobre a realidade, só acontece, em última instância, quando surge a síntese entre a apropriação do saber técnico acumulado e da expertise  política. É um cálculo técno-político, pois nem sempre a decisão puramente técnica é mais racional que a política, e vice-versa. O cálculo estratégico dissociado da ação, será completamente supérfluo e formal, por sua vez, se a ação não for precedida e presidida pelo cálculo estratégico então a organização permanecerá submetida à improvisação e ao ritmo da conjuntura.

O enfoque proposto de planejamento, portanto, não é um rito burocrático ou um conhecimento que possa ser revelado a alguns e não a outros, mas uma capacidade pessoal e institucional de governar – que envolve a um só tempo perícia e arte -, de fazer política no sentido mais original deste termo. O processo de planejamento não substitui a perícia dos dirigentes, nem o carisma da liderança, ao contrário, aumenta sua eficácia porque coloca estes aspectos a serviço de um projeto político coletivo. Neste modo de ver a política, o governo e o planejamento ninguém detém o monopólio sobre o cálculo estratégico e sistemático sobre o futuro, há uma profunda diferença em relação ao antigo “planejamento do desenvolvimento econômico e social” tão comuns nos órgãos de planejamento de toda América Latina e particularmente na tradição brasileira.

A concepção tradicional de Planejamento e a nova concepção

Os métodos mais tradicionais de planejamento são extremamente normativos, impessoais e se dizem neutros, pois se pretendem amparados na “boa técnica de planejamento”. Vejamos como se estruturam teoricamente tais visões:

Há sempre um ator que planeja e os demais são simples agentes econômicos com reações completamente previsíveis. O planejamento pressupõe um “sujeito” que planeja, normalmente o Estado, e um “objeto” que é a realidade econômica e social. O primeiro pode controlar o segundo.

As reações dos demais agentes ou atores são previsíveis porque seguem leis e obedecem a prognósticos de teorias sociais bem conhecidas. O Diagnóstico é pré-condição para o planejamento, ele é verdadeiro e objetivo (segue do comportamento social) , portanto, único possível, não explicações alternativas dos demais atores.

O sistema gera incertezas, porém são numeráveis, previsíveis enquanto tais, não há possibilidade de surpresas não-imagináveis.

O ator social que planeja não controla todas variáveis, mas as variáveis não-controladas não são importantes ou determinantes, não tem um comportamento criativo ou são controladas por outros atores.

Há nesta visão, uma aparente governabilidade, gerada pela ilusão de que as variáveis não controladas simplesmente não são importantes. A governabilidade e a capacidade de governar são reduzidas e absorvidos, em última instância, pela aparente pujança do projeto político (que é “verdadeiro” per si e portanto, auto-legitimado). Neste cenário só há uma teoria e técnica de planejamento, além do mais, suas deficiências não aparecem como problema a ser resolvido, os dirigentes se concentram mais nas relações de mando e hierarquia e no tempo gasto na tentativa de corrigir a ineficácia dos projetos (gestados convencionalmente).

Uma concepção estratégica de planejamento – como a proposta pelo PES -  parte de outros postulados. Na realidade social há vários agentes que planejam com objetivos conflitivos. A eficácia do meu plano depende da eficácia das estratégias dos meus oponentes e aliados. Não uma única explicação para os problemas, tampouco uma única técnica de planejamento. Neste modelo de poder compartilhado a teoria normativa e tradicional do planejamento perde toda sua validade. Normalmente pensamos que  se nada deve mudar o planejamento é muito eficaz, embora desnecessário, por outro lado, se tudo está rapidamente mudando o planejamento é pouco eficaz, embora muito necessário. Este paradoxo aparente se dissolve quando abandonamos a idéia equivocada que associa o planejamento ao exercício inconseqüente da pura  futurologia. Pensar estrategicamente neste novo enfoque pressupõe colocar as relações iniciativa-resposta de agentes criativos no lugar das relações causa-efeito, típica dos sistemas naturais.

O cálculo de planejamento é sempre interativo porque, sendo a eficácia do nosso plano dependende da eficácia do plano dos outros atores, há um componente de incerteza primordial, que é diferente de processos sociais repetitivos ou das relações das ciências naturais. Há portanto uma carga intensiva em formulação de estratégias e recursos de gestão, o oposto ao “plano-livro” estático e tradicional. O ator que planeja está inserido num jogo de final aberto, onde o próprio tempo já tem conceitos diferenciados conforme a percepção de múltiplos agentes em situação de poder compartilhado. Isto não quer dizer, entretanto que se rejeitem instrumentos e ferramentas metodológicas comumente utilizadas no planejamento normativo, ao contrário, tais ferramentas adquirem uma utilização ainda mais pragmática e eficaz.

Podemos resumir os postulados teóricos deste enfoque metodológico nos seguintes argumentos:

O sujeito que planeja está incluído no objeto planejado. Este por sua vez é constituído por outros sujeitos/atores que também fazem planos e desenvolvem estratégias. Deste contexto surge o componente de incerteza permanente e o cálculo interativo que exige intensa elaboração estratégica e um rigoroso sistema de gestão. O caráter modular do enfoque estratégico deriva desta necessidade de redimensionar, agregar, combinar diferentes operações em diferentes estratégias.

O “diagnóstico” tradicional, único e objetivo, já não existe mais, no lugar surgem várias explicações situacionais. Como os demais atores possuem capacidades diferenciadas de planejamento, a explicação da realidade implica em diferentes graus de governabilidade sobre o sistema social.

Não há mais comportamentos sociais previsíveis e relações de causa-efeito estabelecidas. O “juízo estratégico” de cada ator determina a complexidade do jogo aberto e sem fim. A realidade social não pode mais ser explicada por modelos totalmente analíticos, a simulação estratégica assume nesse contexto uma relevância destacada.

O planejamento deve centrar sua atenção na conjuntura, no jogo imediato dos atores sociais, o contexto conjuntural do plano representa uma permanente passagem entre o conflito, a negociação e o consenso, é onde tudo se decide. Na conjuntura concreta acumula-se ou não recursos de poder relacionados ao balanço político global da ações de governo. É por isso que “planeja quem governa”, e “governa” quem, de fato planeja. Quem tem capacidade de decisão e responsabilidade de conduzir as políticas públicas deve obrigatoriamente envolver-se no planejamento. A atividade de coordenação, assim, é indissociável do planejamento, que é , também, uma opção por um tipo organização para a ação que refere-se a oportunidades e problemas reais.

Os problemas sociais são mal-estruturados, no sentido de que, não dominamos, controlamos e sequer conhecemos um conjunto de variáveis que influenciam os juízos estratégicos dos demais agentes sociais envolvidos. Não há portanto como determinar com exatidão as possibilidades de eficácia do plano ou os resultados esperados em cada ação. Governar com plano estratégico mais do que resolver problemas significa promover um intercâmbio de problemas quando nosso objetivo é que problemas mais complexos e de menor governabilidade cedam lugar a outros menos complexos e de maior governabilidade.

O planejamento não é monopólio do Estado, nem de uma força social situacionalmente dominante. O planejamento sempre é possível e seu cumprimento não depende de variáveis exclusivamente econômicas, qualquer ator, agente ou força social tem maior ou menor capacidade de planejamento e habilidades institucionais.

A visão normativa e a visão estratégica não existem em “estado puro” na prática do planejamento e nas técnicas de governo, embora a maioria dos órgãos públicos e da geração de técnicos trabalhe sobre influência predominante da primeira.

Os momentos de aplicação do enfoque metodológico básico do PES

O enfoque participativo e estratégico do planejamento, no plano geral, é estruturado através de quatro grandes passos, ou fases que podem ser recursivas e não-lineares, mas que representam um sequenciamento lógico da elaboração teórica do planejamento. A seguir suas características básicas.

I . Momento Explicativo: no planejamento tradicional a realidade é dividida em setores e o método dos planejadores é tão fragmentado quanto são os departamentos dos órgãos de planejamento. O conceito de setor além de muito genérico e pouco prático é uma imposição analítica. O planejamento estratégico situacional propõe trabalhar com o conceito de problemas. A realidade é composto de problemas, oportunidades e ameaças. Esta categoria permite sintetizar a noção de explicação da realidade em suas múltiplas dimensões (inter-disciplinar)  com a noção de direcionalidade do  ator: saber selecionar e identificar problemas reais (atuais ou potenciais) e distinguir causas  de sintomas e conseqüências já é mudar radicalmente a prática tradicional dos “diagnósticos” convencionais. Explicar a realidade por problemas também permite o diálogo e a participação com setores populares que afinal sofrem problemas concretos e não “setores” de planejamento, além de facilitar a aproximação entre “técnicos” e “políticos”. Na explicação da realidade temos que admitir e processar a informação relativa a outras explicações de outros atores sobre os mesmos problemas, isto é, a abordagem deve ser sempre situacional, posicionada no contexto.

II. Momento Normativo: após a identificação, seleção e priorização de problemas, bem como o debate sobre as causas, sintomas e efeitos estamos prontos para desenhar o conjunto de ações ou operação necessárias e suficientes para atacar as causas fundamentais dos problemas (também chamadas de Nós Críticos). Esta é a hora de definir o conteúdo propositivo do plano. O central  neste modelo de planejamento  é discutir a eficácia de cada ação e qual a situação objetivo que sua realização objetiva, cada projeto e isso só pode ser feito relacionando os resultados desejados com os recursos necessários e os produtos de cada ação. Os planos normativos normalmente terminam aqui, onde o planejamento situacional apenas começa, para que ações tenham impacto efetivo e real  na causa dos problemas há ainda dois passos ou momentos fundamentais, o estratégico e o tático-operacional.

III. Momento Estratégico: se a realidade social não pode ser fragmentada em diferentes “setores”, se outros “jogadores” existem e tem seus próprios planos, se o indeterminismo e as surpresas fazem parte do cotidiano, então o debate sobre a viabilidade estratégia das ações planejadas não é só necessário como indispensável. Toda estratégia é uma exploração consciente do futuro, ela resulta da situação diferenciada dos vários atores em relação à problemas, oportunidades e ameaças. A parte a grande quantidade de conceitos envolvendo o termo “estratégia” aqui vamos adotá-la com um conjunto de procedimentos práticos e teóricos para construir viabilidade para o plano, para garantir sua realização com máxima eficácia. Dois instrumentos-processos cabem aqui: a análise de cenários e a análise criteriosa dos demais atores sociais ou agentes. Os cenários representam distintas reflexões, limitadas pela qualidade da informação disponível, sobre possíveis “arranjos” econômicos, institucionais, políticos, sociais, etc., capazes de influenciar positiva ou negativamente a execução das ações planejadas. Ao permitir a simulação sobre as condições futuras os cenários permitem a antecipação das possíveis vulnerabilidades do plano e a elaboração de planos de contingência necessários para minimizar os impactos negativos. Já a análise dos demais agentes envolvidos no espaço do problema-alvo do plano é imprescindível para identificar o possível interesse e motivação de cada um e o tipo de pressão que é (ou será) exercida em relação às ações planejadas. É obvio dizer que a elaboração de cenários e o “estudo do outro” só tem um grande objetivo: desenhar as melhores estratégias para viabilizar a máxima eficácia ao plano.

IV. Momento Tático-Operacional: é o momento de fazer, de decidir as coisas, de finalmente agir sobre a realidade concreta. É quando tudo se decide e por isso do ponto-de-vista  do impacto do plano é o momento mais importante. Neste momento é importante debater o sistema de gestão da organização e até que ponto ele está pronto para sustentar o plano e executar as estratégias propostas. Para garantir uma resposta positiva será preciso acompanhar a conjuntura detalhadamente e monitorar não só o andamento das ações propostas, mas também a situação dos problemas originais. Deve-se reavaliar criticamente todo o processo interno de tomada de decisões, o sistema de suporte à direção, como os sistemas de informações, devem ser revistos e reformulados. Outros temas vitais neste momento são a estrutura organizacional, o fluxo interno de informações, a coordenação e avaliação do plano, o sistema de prestação de contas, as ferramentas gerenciais existentes e necessárias e finalmente a forma, dinâmica e conteúdo da participação democrática na condução do plano. Não podemos esquecer que o planejamento estratégico só termina quando é executado, é o oposto à visão tradicional do “plano-livro” que, separando planejadores dos executores, estabelecia uma dicotomia insuperável entre o conhecer e o agir.

Conclusão – O PES na prática.

O PES é um método que pressupõe constante adaptação a cada situação concreta onde é aplicado. Entretanto os principais momentos tendem a utilizar instrumentos metodológicos parecidos. Em síntese são trabalhados nesta ordem:

Momento Explicativo (substitui o antigo “diagnóstico”): Análise do Ator que planeja (limites e potencialidades, ambiente interno e externo), identificação e seleção de problemas estratégicos, montar os Fluxos de explicação do problemas com as cadeias causais respectivas, seleção das causas fundamentais – chamadas de Nós Críticos como centros práticos de ação, construção da Árvore de Resultados a partir de uma Situação-Objetivo definida pelo grupo.

Momento Operacional: desenhar ações ou projetos concretos sobre cada Nó Crítico – as chamadas Operações do Plano, definir para cada Operação necessária os recursos necessários, os produtos esperados e os resultados previstos, construir cenários possíveis onde o plano será executado, analisar a trajetória do conjunto das operações em cada cenários e – a partir disto – tentar diminuir a vulnerabilidade do Plano.

Momento Estratégico: analisar os Atores Sociais envolvidos no Plano, seus interesses, motivações e poder em cada uma das Operações previstas e cenários imaginados, definir a melhor estratégia possível para cada trajetória traçada, estabelecer um programa direcional para o plano, construir viabilidade estratégica para atingir a Situação-Objetivo.

Momento Tático-Operacional (sistema de gestão): debate sobre as formas organizativas, a cultura organizacional e o modus operandi da organização de modo a garantir a execução do plano. Neste momento devem ser encaminhados os seguintes temas: funcionamento da agenda da direção, sistema de prestação de contas, participação dos envolvidos, gerenciamento do cotidiano, sala de situações e análise sistemática da conjuntura.

A tecnologia de aplicação do PES é extremamente simples: (a) se apóia em visualização permanente, usando cartelas ou tarjetas[3], (b) ambientes normais, não é necessário nenhum tipo de sofisticação e (c) os tempos necessários de trabalho intensivo costumam ser de aproximadamente 40 ou 50 horas. A realização de um seminário de Planejamento utilizando o PES mobiliza muito as tensões internas e faz aflorar conflitos muitas vezes ocultos pela rotina burocrática. Neste sentido é sempre recomendável o uso de técnicas e dinâmicas de grupo (como os jogos dramáticos, por exemplo)  para trabalhar positivamente tais tensões e processos grupais.

Entretanto, pode apresentar algumas desvantagens, principalmente se não sofrer as adaptações metodológicas e operacionais necessárias: (a) normalmente a qualidade do método depende muito da qualidade do facilitador ou monitor que conduz o uso das técnicas e ferramentas necessárias. Isto recomenda o máximo cuidado na escolha do Consultor; (b) ele é um sistema metodológico tão potente, quanto complexo e motivador de compromissos coletivos, só é eficaz se a alta direção participar de todas atividades previstas, pelo tempo necessário e (c) não deve ser usado para solução de problemas não-complexos ou rotinas administrativas de baixo conflito, nestes casos a relação benefício-custo não é adequada.

O Método do Planejamento Estratégico e Situacional é antes de tudo um potente enfoque metodológico, com alguns princípios e visões filosóficas sobre a produção social, a liberdade humana e o papel dos governos, governante e governados. A análise de problemas, a identificação de cenários, a visualização de outros atores sociais, a ênfase na análise estratégica são elementos fundamentais e diferenciadores do PES em relação a outros métodos de planejamento.

O método tem particular validade e excepcionalidade de resultados,  no setor público onde a presença de problemas verdadeiramente complexos e mal-estruturados compõe o cenário dominante. Além disso o PES, ao contrário de outros métodos ditos “estratégicos” assume como dominante na análise estratégica as questões relativas às relações de poder entre atores sociais, isto é, a variável política preside a elaboração da viabilidade e vulnerabilidade do Plano. Esta é uma vantagem metodológica vital para uso em organizações públicas onde estas questões fazem parte indissociável da produção de políticas públicas e do relacionamento entre staff político-dirigente e quadro de funcionários permanentes.


[1] Chileno, Carlos Matus foi Ministro do Governo Allende (1973) e  consultor do ILPES/CEPAL  falecido em Dezembro de 1998, ministrou vários cursos no brasil nos anos noventa (Escolas Sindicais, IPEA, Ministérios,  Governos Estaduais e Municipais). Criou a Fundação Altadir com sede na Venezuela para difundir o método e capacitar dirigentes. Introduzido no Brasil a partir do final dos anos oitenta, o PES disseminou-se e foi adaptado amplamente nos locais onde foi utilizado, particularmente no setor público.

[2] Sob a mesma filosofia inspiradora do PES várias outras adaptações metodológicas tem surgido: MAPP – Método Altadir de Planejamento Popular -  é um “resumo” do PES feito por C. Matus, PED – Planejamento Estratégico e Democrático – aplicado por A. K. Sato no Governo Cristóvão Buarque em Brasília –DF, PEP - Planejamento Estratégico Participativo, a partir da experiência do Governo do Rio Grande do Sul, etc...

[3] O “Projeto de Desenvolvimento de Sistema de Suporte ao Planejamento e Gestão”, desenvolvido pelo Laboratório Nacional de Computação Científica (MCT),  desenvolveu produtos informatizados para ajudar a capacitação no método bem como sua aplicação concreta segundo o enfoque do PES (www.lncc.br ).

[4] A  Fundação de Desenvolvimento Administrativo – FUNDAP (www.fudap.sp.gov.br ), vinculada ao Governo do Estado de São Paulo tem editado as principais obras de C. Matus e é um bom centro de referência sobre o tema, possuindo, inclusive um curso regular de Especialização em Ciências e Técnicas de Governo  de inspiração matusiana

 

DESAFIOS NO PLANEJAMENTO  

 

 

TEXTO DE CARLOS MATUS – E O PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO SITUACIONAL

LIVRO: PLANEJAMENTO E PROGRAMAÇÃO EM SAÚDE – UM ENFOQUE ESTRATÉGICO

  Síntese das páginas:107\149

(obs: a leitura e compreensão  da síntese não desobriga momento algum a leitura do livro e do texto por inteiro)

´Dr. Carlos Matus – Especialista do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento – 

PNUD na Venezuela  

 

 

 

PLANIFICAÇÃO E PLANIFICADORES

 

A planificação situacional refere-se à arte de governar em situação de poder compartido. Quer dizer, nas situações mais comuns da realidade; em que consiste a planificação situacional, não no plano metodológico, mas em fundamentos e critérios centrais? Talvez sem a intenção de abusar, mas, porém como recurso dialético, justifique-se tomar de contraponto a planificação tradicional, quando a ocasião  o requer . Comecemos com duas perguntas básicas: Que é planificação? Quem planifica? Creio que aqui há um primeiro problema. Aquele que planifica realmente é o que realiza o cálculo último de síntese que precede e preside a ação.

 

A complexidade do cálculo situacional, onde se combina a toda uma variada constelação de fatores escassos, não esta normalmente no nível técnico, embora seja imprescindível que exista uma equipe técnica de bom nível  e de elevada experiência que apóie este complexo cálculo situacional feito por quem governa. A planificação estratégica redefine e identifica em grande contra , direção com planificação – não faz separação rígida entre ambas.

 

DECÁLOGO PARA A PLANIFICAÇÃO

 

Primeira Consideração: planifica quem governa. Para nos localizarmos na concepção de planificação estratégica , é necessário redefinir o sentido das palavras planificação e planificador; a planificação tem  que ser  algo  mais amplo, mais abrangente que a mera planificação de um âmbito especifico como o econômico.

Na prática de governo nos resulta óbvia esta limitação  da planificação normativa. Por sua vez , planifica quem governa , quem tem a capacidade de decidir  e a responsabilidade de conduzir. Mesmo que vocês planifiquem em um âmbito , estarão limitados por múltiplos recursos escassos que atravessam as distintas dimensões da realidade. E terão que lidar com tais restrições. Porém não poderão fazê-lo bem se não ampliam o conceito de planificação com qual operam.

 

Segunda Consideração: a planificação refere-se ao presente. Devo dizer-lhes que a planificação não se refere a um desenho sobre o  futuro. Esta idéia é uma deformação que nos chega através de sua origem como projeto de investigação.

Na realidade, utilizamos uma frase que escandaliza  muitos, porém que é  efetiva  e   exata  para expressar a idéia , a planificação se refere ao presente ... Tudo o que fazemos para explorar o futuro pelo prazo de um ano, cinco anos ou quinze anos não têm importância nenhuma se as mesmas explorações  não orientam as ações de hoje.

Em política , se faço hoje um acordo com uma força que tem muito peso , porém  dois meses depois pode não ser nada.

O problema dos prazos na planificação tem, então , sua origem teórica na impossibilidade  de se tomar uma decisão racional hoje, sem explorar o futuro. Desenhar coerentemente como devem ser as coisas é um problema de alta complexidade teórica.

 

Terceira Consideração: a planificação exige um cálculo situacional. A planificação supõe um cálculo complexo, cálculo  este efetuado por múltiplos recursos escassos que cruzam muitas dimensões da realidade. Essa complexidade perpassa os quatro momentos da planificação.

 

Quarta Consideração: a planificação se refere a oportunidades e  a problemas reais. As categorias de oportunidades e problema são essenciais na planificação situacional. Os problemas reais não se referem a relações abstratas que intelectualizamos como síntese global. Assim, é essencial à planificação situacional a categoria problema. O que nos obriga a dedicar uma grande atenção teórico-metodológica   para estabelecer guias  práticos sobre como se precisam, como se analisam , como se explicam problemas , que podem ser problemas falsos ou verdadeiros, valorados de forma distinta, segundo os diferentes atores sociais. Porque o que é problema para mim  pode ser oportunidade para outro.

Sendo assim, é importante, a  partir do ponto de vista da planificação situacional, explicar a realidade não somente como a percebo , senão que me localize na auto-referência do outro e tente compreender sua explicação diversa da minha.

Se devo enfrentar-me com outro , porque é meu oponente e tenho que superar obstáculos políticos que me apresenta , não posso atribuir-lhe minha explicação  e minha racionalidade. Não interessa, nesse momento, se acredito que sua explicação é errada , é extremista ,é direitista ou é ineficaz . Não interessa os qualitativos que se possa imputa-lhe . O que interessa é que sua explicação  é a que o move a ter um plano distinto do meu, e o leva à ação que me obstaculiza.

Minha obrigação ,em termos de planificação situacional , é entender sua explicação e incluí-la em minha explicação de realidade. A explicação do outro é parte da realidade que devo explicar , faz parte da situação.

 

A planificação é inseparável da gerência. A única forma de fazer com que a planificação funcione é que responda as necessidades de quem gerência.

 

A planificação situacional , por definição é necessariamente política. Não se pode ignorar o problema político, porque um dos recursos que restringem nossas capacidades  de produção social de ações são as restrições do poder. Podem ser também os valores , as culturas internalizadas por atores desses  processos, os conhecimentos etc.

O importante a reconhecer aqui é que , se em alguma medida não sistematizarmos a planificação política , não pode haver uma boa interação entre eficácia política e eficácia econômica e a planificação não pode ser totalizante , não pode ser situacional  e nem identificar-se  com o processo de governo.

 

A planificação nunca esta referida à adivinhação do futuro. Um cenário de cálculo do plano conforma-se por uma determinada articulação  de opções e variantes . Nossa  obrigação é   ter um plano e uma estratégica para vários cenários que se localizem dentro dos extremos aparentemente possíveis.

 

O plano é modular. Está composto por unidades ou células que podem agregar-se , dimensionar-se  e combinar-se de maneiras distintas , segundo os objetivos que se busquem , a situação inicial e a estratégia elaborada. O caráter modular do plano permite o ajustamento racional à realidade , possibilitando-o expandir-se ou restringir-se. Ao contrário, no plano rígido , a única saída são estes cortes uniformes e indiscriminados  a todo tipo de operações , sem poder priorizá-las  ou hierarquizá-las.

 

A planificação não é monopólio nosso. Nosso plano enfrentam oponentes que também planificam . A idéia central da planificação estratégica consiste em considerar que, além de nós há outros atores na realidade que também planificam  com objetivos distintos dos nossos. Não temos o monopólio da capacidade para planificar como supõe a teoria tradicional , onde o Estado é o único ator que planeja, não reconhecendo a existência de oponentes. Assim sendo, se o ator que planifica coexiste na realidade com outros autores que também planificam, o processo de explicar a realidade complica-se e o plano  exige um   momento estratégico.

 

A planificação não domina o tempo e nem se deixa enrijecer por ele. O problema do tempo na planificação é um tema fascinante e de muitas arestas.

A planificação situacional opera em quatro instâncias temporais articuladas ou formalizadas:

a)   a planificação na conjuntura , como a tentativa de sistematizar no dia-a-dia o cálculo  que precede e preside a ação , que, para ser racional , requer planos de longo prazo;

b)    a planificação anual operativa , ou  o plano de ação anual , que propõe uma referência direcional ou um farol direcional para a planificação na conjuntura ,mas que, por sua vez, requer referências direcionais mais distantes no tempo para fundamentar sua proposta anual;

c)    a planificação para o período de governo, ou de médio prazo , que marca as trajetórias e objetivos que servirão de guia para a planificação anual e conjuntural;

d)   a planificação a longo e muito longo prazo, cuja  função  é antecipar o futuro que queremos criar e onde modelamos nossos sonhos realizáveis; esta planificação em horizontes muito longos serve de farol direcional para a planificação a médio prazo.

A planificação  tradicional centra o problema na arte de desenhar dentro do possível; o melhor plano é o que tem melhor desenho, o desenho mais coerente. Contudo, o problema da planificação começa com o desenho. Por isso existe o momento estratégico e o momento tático-peracional. A planificação compreende também o cálculo que permite fazer as coisas; é um cálculo interno à planificação situacional e está fora  do âmbito da planificação normativa

 

 

AS TRÊS ADVERTÊNCIAS DO MÉTODO

 

PRIMEIRA

     Cada âmbito problemático requer um desenho particular da planificação situacional

 SEGUNDA

     Devemos entender a planificação como uma dinâmica de cálculo que precede e preside a ação, que não cessa nunca, sendo      processo contínuo que acompanha a realidade mutável

 TERCEIRA

 

     Não dispomos de uma ciência social suficientemente  sólida para acertar na análise causal das conseqüências das decisões      que tomamos. Cientes dessa limitação devemos compreender o planejamento  como um processo de aprendizagem

      – correção – aprendizagem.

 

OBS: TER FUNDAMENTALMENTE CLARO OS MOMENTOS:

 

MOMENTO EXPLICATIVO

 

Nível I – Fluxos de produção social

Nível II – Acumulações sociais

Nível III – Regras básicas

 

MOMENTO NORMATIVO

MOMENTO ESTRATÉGICO

MOMENTO TÁTICO OPERACIONAL

a)       apreciação da situação conjuntural

b)       pré-avaliação das decisões possíveis

c)       tomada de decisões e execução

d)       pós-avaliação das decisões tomadas ou apreciação da nova situação

 

DESAFIOS DO PLANEJAMENTO (pág 145)

VIAS DE SOLUÇÃO DOS PROBLEMAS (pág 146)

 

  O ATO DE PLANEJAR

 

 

O ato de  planejar pressupõe uma série de variáveis, uma série de momentos. Uma das questões que se coloca como fundamental num processo de planejamento numa perspectiva de planejamento estratégico são as ações e desafios  que o planejador e sua equipe tem que enfrentar, dentre vários  destacamos  os seguintes desafios:

 

a) Desenvolver uma capacidade para conhecer a realidade concreta em cada situação e suas tendências, embora esta mude com rapidez; este é um problema de informação, capacidade de análise, capacidade de antecipação  das tendências situacionais e sensibilidade para quebrar a barreira de incomunicação que tende a cercar a direção do governo;

b) Fazer um cálculo oportuno de pré-avaliação das operações que se propõem produzir na situação, mediante técnicas adequadas de simulação;

 c) Fazer um cálculo de pós-avliação mediante uma grande variedade de indicadores que reflitam o grau de cumprimento das operações e de seus efeitos sobre a situação;

 

d) Impedir que a enorme variedade de informação que recolhemos da realidade nos sufoque e anule nossa capacidade de análise;

 

e) Aproveitar a centralização da análise e a informação de síntese para examinar as propostas e resultados a partir de todos os ângulos conflitivos: o político versus o econômico, o curto prazo versus o período de governo etc;

 

f) Impedir que a calosidade burocrática, que isola a direção do governo da realidade, também, o desinforme de seu próprio sistema de planificação.

 

QUAIS AS VIAS DE SOLUCIONAR ESTES PROBLEMAS ?

 

Primeiro: a capacidade humana de pré-alimentar-se do futuro. Os seres humanos têm a capacidade de antecipar-se à realidade e não apenas de acompanhar a  realidade. Podemos pensar sobre o futuro e podemos analisar tendências. por esse caminho podemos ganhar  em velocidade dos fatos. Mas , por sua vez , a pré -alimentação como cálculo antecipado dobre o futuro tem um ponto vulnerável: a informação a partir da qual devemos fazer esta pré-alimentação. Assim, o problema reverte novamente para a informação , que precisa fluir para nós, com um mínimo de retardamento, de modo que o cálculo sobre o futuro tenha uma base de apoio sólido.

 

Segundo: modernizar seletivamente a informação estatística. Não é possível modernizar o sistema de informação estatística de um país da noite para o dia, porém pode-se  modernizar muito rapidamente a produção de 50 informações. Assim surge a idéia de uma espécie de pacote preferencial de informações  que tem que alimentar o sistema de informação na conjuntura a qualquer custo de fato.

   

Terceiro: a redução da variedade. Como seria possível assimilar uma realidade complexa e variada, expressiva da situação de cumprimento do plano ?  A capacidade humana para assimilar informação é limitada.

 

Quarta: descentralizar. Os problemas têm de ser resolvidos no âmbito correspondente e sua solução não pode ser sempre centralizada.

 

 

ESTUDO DIRIGIDO DO LIVRO

Planejamento e Programação em Saúde - Um enfoque estratégico (F. Javier Uribe Rivera _ Carlos Matus - Mario Testa ) e 

Maria Inês Bierremback

A compreensão do texto sobre Planejamento Estratégico é de fundamental importância para

 formação profissional.

As questões a seguir servem como subsídio para a leitura do livro e do texto de Carlos Matus.

 

01.  O que significa cálculo situacional para o autor ?

02.  Qual a importância da estrutura de poder numa proposta de planejamento ? (elabore sua resposta , tendo em vista 

       o livro de Planejamento de Maria Inês Bieremback )

 03    Analise criticamente a afirmação: “ O coração do plano é a tentativa de governar um processo...”

 04    O que o autor quer dizer quando se refere a: “ cálculo situacional complexo” ?

 05    Porque o planejador se obriga a dedicar uma grande atenção teórico-metodológica ?

 06    Explique: “ O plano situacional baseia-se em idéias e recomendações, porém se concretiza em operações...”

 07    Porque a planificação nunca esta referida à adivinhação do futuro ?

 08    O plano é modular ...o que significa ?

 09    O autor afirma: “ o plano exige um momento estratégico. Que momento é esse?

 10    O que significa o tempo no planejamento, para o autor ?

 11    Das três advertência do ato de planejar qual a mais importante para você. Justifique ?

 12    Quais os dados mais importantes e significativos do momento explicativo.

 13    O que significa o desenho do deve ser  em planejamento?

 14    Quais as conseqüências de  materializar as operações do nosso plano.

 15    Que importância tem o momento estratégico numa proposta de planejamento ?

 16    Explique sucintamente os quatro sub-momentos do momento tático-operacional.

 17    Qual a via de solucionar o problema que você define como mais importante ?

 18    Diferencie: Plano, Programa e Projeto

 19    Porque o ato de planejar é um ato político ?

 20    O que significa o acesso e a manipulação das informações num plano estratégico ?

 

" Só quem sonha o azul do vôo,

sabe o seu poder de pássaro"

(Thiago de Mello)

 

VERIFICAÇÃO DE CONHECIMENTOS

 

QUESTÕES:

 

01. Defina planejamento e diferencie, plano, programas e projetos.

 

02. Numa perspectiva de planejamento estratégico, todos os momentos são importantes e fundamentais. Caracterize o momento explicativo.

 

03. Quais as diferenças básicas entre os planejamentos: normativo/tecnocrático, estratégico e participativo

 

04. Explique a postura profissional do Assistente Social nos três modelos de planejamento estudado.

 

05. Marque  (E) para planejamento estratégico (N) para planejamento normativo/tecnocrático e (P) para planejamento participativo.

 

# Planejamento centrado na lógica da realização                                                                        (   )

# O centro do planejamento é a dinâmica da condução não se cristaliza em um plano

  leva em conta permanentemente as questões da conjuntura                                                      (   )

# Os planos e programas expressam a possibilidade                                                                  (   )

# Aquele que planeja tem o monopólio do plano                                                                         (   )

# O ponto de chegada é um modelo que expressa o desenho do deve ser                                    (   )

# O ponto de partida é a situação inicial que explica a situação problema expressa num  

  diagnóstico.                                                                                                                          (   )

# A aprovação das decisões passa a refletir os interesses de cada grupo da sociedade                (   )

# O povo tem alto respeito por procedimentos técnicos no planejamento                                      (   )

# A definição de objetivos resulta do diagnóstico                                                                        (   )

# Os atores que planejam não controlam por si só a realidade planejada                                      (   )

 

 

Imagine que não exista paraíso

É fácil se você tentar

Nenhum inferno abaixo de nós

Acima de nós somente o céu

Imagine todas as pessoas

Vivendo para o hoje

Imagine que não exista países

Não é difícil fazer

Nada para matar ou para morrer

E nenhuma religião também

Imagine todas as pessoas vivendo a vida em paz

Imagine nenhuma posse

Eu imagino que você pode

Nenhuma necessidade por avareza ou fome

Uma irmandade de homens

Imagine todas as pessoas

Dividindo o mundo todo

Você pode dizer que sou um sonhador

Mas não sou o único

Espero algum dia você se juntará a nós

E o mundo será um.

( “Imagine” Jonh Lennon 

( Disciplina de Planejamento Social- Prof. Jairo Dias Nogueira))